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Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Câmpus de Bauru DOCUMENTÁRIO JORNALÍSTICO NA TV DIGITAL: ARRANJOS PRODUTI...

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Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Câmpus de Bauru

DOCUMENTÁRIO JORNALÍSTICO NA TV DIGITAL: ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS DE CULTURA Helena Schiavoni Sylvestre1 Letícia Passos Affini2 Resumo A pesquisa visa possibilitar a elaboração de um roteiro de documentário jornalístico para a TV digital, que atenda às necessidades específicas de divulgação de arranjos produtivos locais de cultura. Em “A Era do Acesso”, Jeremy Rifkins afirma que as experiências culturais estão se tornando commodities, vendáveis através de aparatos tecnológicos. Diante desse mesmo cenário, Rifkins coloca em evidência os perigos da globalização culturalmente homogeneizante. Levando-se em conta o que expõe o autor, e os que o contradizem, como o sociólogo Michel Maffesoli, propõe-se a roteirização de de documentário jornalístico para TV digital que auxilie comunidades locais a se reafirmarem, ao passo que estas utilizam sua identidade cultural para a geração de renda interna, conforme caracteriza o conceito de Arranjo Produtivo Local de Cultura (SEPLAN). Com esse intuito em vista, deve-se visar o uso de recursos interativos e a apropriação do texto jornalístico televisivo pela TV digital, para que estes prezem pela cultura participativa dos usuários e das próprias comunidades, através da exploração de recursos diversos da TV digital, como a interatividade, portabilidade, usabilidade e mobilidade. No meio televisivo, André Lemos (1997) classifica a interatividade em cinco níveis: Nível 0: Ligar e desligar o aparelho. Nível 1: Zapping pelos canais. Nível 2: Junção de equipamentos à televisão. Nível 3: Início de interatividade com definições digitais. Nível 4: Televisão interativa. Sendo que a interatividade plena pode ser atingida apenas no quinto e último nível. O telespectador passa a ser prossumidor (Toffler, 1980), e adquire a possibilidade de gerar conteúdo para o meio. Diante daquilo que é chamado por Jeremy Rifkins de “A Era do Acesso”, passa-se a encarar a lógica de mercado sob outra perspectiva, na qual produtos tangíveis comercializados já não 1

Mestranda da Linha 1 de Televisão Digital: Informação e Conhecimento pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Graduada em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela mesma instituição. E-mail: [email protected] 2 Professora Assistente Doutora do Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Pesquisadora líder no Grupo de Pesquisa e Experimentação em Produção Audiovisual da UNESP. E-mail: [email protected] Bauru, 23 de outubro de 2013 - Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC – UNESP - http://www.faac.unesp.br/index.php - 67,1282

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são adquiridos simplesmente por seu potencial de utilidade, mas sim devido à experiência que estes podem trazer ao consumidor, e ao valor cultural agregado a eles. Sendo assim, o intangível adquire maior importância em um contexto econômico no qual as experiências culturais são transformadas em bens de consumo, e passam a ser comercializadas. Rifkins aponta ainda para o fenômeno da globalização, que faz relação àquilo que foi previsto por Marshall McLuhan como sendo denominado de “aldeia global”, em que os mais variados pontos do globo são interligados. Entretanto, ao contrário de McLuhan, Rifkins acredita no poder homogeneizante do processo de globalização, contexto sociocultural em que especificidades locais tendem a ser anuladas diante da proeminência massificadora de uma cultura olhada sob um aspecto mercadológico. Contrariamente a Jeremy Rifkins, outros autores apontam para um processo de reafirmação das culturas locais diante do processo de globalização. O local e o global passam a existir concomitantemente, enquanto o primeiro busca maneiras de estreitar laços internos para resistir e reforçar suas características próprias diante das generalizações. E tomando-se como sendo plausíveis tanto o que coloca Rifkins, como o que coloca autores de opinião contrária, passa-se a enxergar uma necessidade de se utilizar meios para auxiliar no engajamento da sociedade com relação à divulgação e fomento dessas especificidades culturais e econômicas de comunidades locais. Segundo Rifkins, a tecnologia pode até ter a capacidade de replicar virtualmente experiências culturais, mas a distância geográfica entre aqueles que recebem a informação e os que originam a experiência, faz com que a intensidade das relações humanas seja afrouxada, e a empatia diminua. Sob esse panorama, enxerga-se a necessidade de se utilizar a tecnologia audiovisual em formato jornalístico, para este exercer a função de divulgador das chamadas economias criativas locais e dos arranjos produtivos locais de cultura. Uma vez que se abordam as questões culturais como commodities, ressalta-se a importância de disseminar informações sobre métodos e meios que os arranjos locais utilizam para transformar sua própria cultura em fonte de renda. Para buscar atingir tal objetivo, a pesquisa em questão propõe o uso do jornalismo audiovisual na TV digital, através de documentários interativos, como método divulgador desses arranjos produtivos locais de cultura, a partir do conceito narrativo e audiovisual aplicado a uma plataforma televisiva ainda em emergência. O uso da TV digital torna-se pertinente devido a seu caráter multilinear, uma vez que esta pode ser composta por materiais estruturados em vídeo, texto, áudio e imagem estática conectados entre si em um mesmo aparato tecnológico, além do potencial interativo proveniente de programações que prezem pela participação do usuário, através de recursos tecnológicos dos conceitos de TV expandida e TV híbrida, como o chat, por exemplo. E, por fim, além desses fatores, propõe-se a utilização das mídias sociais na segunda tela, como ferramenta de impacto na veiculação e divulgação do conteúdo formulado para buscar uma identificação ou ao menos uma aproximação dos receptores/usuários diante de realidades econômico-culturais de localidades específicas.

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O tipo de pesquisa trazido no projeto em questão será a pesquisa ação, no qual serão realizadas entrevistas despadronizadas com membros de dois arranjos produtivos locais de cultura inseridos em Bauru e região, análise de elementos que definem com clareza e objetividade a roteirização de obras em hipermídia, por meio da caracterização da linguagem jornalística de mídias diversas, e pesquisa bibliográfica em livros, artigos, periódicos e sites que abordem os temas: documentário, roteiro, arranjos produtivos locais, cultura, e TV híbrida (HTML5). Palavras-chave: arranjos produtivos; roteiro; documentário jornalístico; economia criativa; TV digital

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