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Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Câmpus de Bauru ANÁLISE DE MODELOS DE NEGÓCIOS EM FRANQUIAS MIDIÁTICAS DE...

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Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Câmpus de Bauru

ANÁLISE DE MODELOS DE NEGÓCIOS EM FRANQUIAS MIDIÁTICAS DE ENTRETENIMENTO Felippe de Souza Lima1 Francisco Rolfsen Belda2

RESUMO O projeto de pesquisa em questão parte do princípio que a televisão aberta brasileira, desde seus primórdios, teve seu modelo de negócio baseado na publicidade. Os tradicionais comerciais de trinta segundos, inseridos nos intervalos da programação, eram responsáveis por financiar os custos de produção dos programas e gerar lucro para as emissoras. No entanto, quando este modelo foi estabelecido, havia uma concorrência muito menor entre as emissoras, que competiam quase que exclusivamente entre si. Atualmente, além da disputa de audiência com os canais abertos concorrentes, as emissoras enfrentam outros obstáculos na concorrência pela atenção do telespectador, como por exemplo, a adesão crescente a canais por assinatura, conteúdos de áudio e vídeo disponíveis gratuitamente na internet, canais de conteúdo gerado por usuários no YouTube, que podem ser acessados através de computadores, smartphones, tablets ou TVs conectadas e, mais recentemente, serviços de conteúdo on-demand também estão se popularizando no Brasil. O espectador não precisa mais assistir aos comerciais ou esperar para que um programa de sua preferência comece, podendo vê-lo no horário em que julgar mais conveniente. Tal fato gera menor dependência da grade de programação elaborada pelos canais e uma diminuição do share3. Com a fragmentação da audiência devido aos fatores já citados anteriormente é possível prever que as emissoras de TV aberta enfrentarão problemas em relação ao seu modelo de negócio, uma vez que, uma menor audiência implica obrigatoriamente em cobrar menos pelos anúncios veiculados e pelo merchandising. Os custos de produção, por outro lado, tendem sempre a aumentar ou, no mínimo, manterem-se os mesmos. É preciso inovar e aproveitar-se dos recursos proporcionados pelas novas tecnologias para manterem-se competitivas no mercado. Diante disso, as emissoras precisam encontrar novas formas de geração de receita, para complementar a arrecadação advinda das inserções comerciais, que agora se segmentam por diversas outras mídias. 1

Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Radialismo, mestrando em Televisão Digital: Informação e Conhecimento (UNESP), na linha Gestão da Informação e Comunicação para Televisão Digital. E-mail: [email protected] 2

Professor orientador da pesquisa. Doutor em Engenharia de Produção pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. Docente do Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital (PPGTVD) da UNESP. E-mail: [email protected] 3

Porcentagem de tempo que é dedicado por cada indivíduo do público a assistir um canal/programa em relação ao tempo total dedicado a ver televisão, para o mesmo período. Bauru, 06 de abril de 2014 - Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC – UNESP

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Diante deste problema algumas franquias midiáticas de entretenimento, especialmente as Americanas têm obtido sucesso ao explorar novas formas de monetização a partir da exploração de sua marca, seja na própria TV ou em outras mídias digitais. A pesquisa se propõe inicialmente a realizar um mapeamento sobre diferentes modalidades de negócio praticadas em franquias midiáticas de entretenimento no contexto de sua adaptação para múltiplas plataformas de distribuição. Preliminarmente, será feita uma prospecção, onde será elaborado um inventário sobre diferentes formas de monetização desses conteúdos, com sua identificação, categorização e descrição, de modo a contribuir para uma taxonomia dos modelos de negócio emergentes nesse setor. Para isso serão utilizadas ferramentas como entrevistas e observação direta. Em uma segunda etapa, o trabalho irá analisar especificamente como uma determinada franquia midiática, a série "Game of Thrones", da HBO, explora, comercialmente, seu conteúdo em relação às modalidades mapeadas. Quais são os critérios para a escolha destas formas alternativas de monetização e qual o retorno financeiro obtido. A escolha deste objeto em específico deve-se ao fato de ser um produto midiático que se estende por diversas mídias e por ter como característica um nível de produção sofisticado e de alto custo, que necessita de grande arrecadação financeira para que sua produção se torne comercialmente viável. Por tratar-se de um tema contemporâneo e bastante específico, a metodologia escolhida inicialmente foi o estudo de caso, um método qualitativo amplamente utilizado nas ciências sociais, antropologia, sociologia, ciência política, administração pública e educação. “Uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas” (Yin, 2001, p.32). Trata-se de uma análise intensiva, empreendida em organizações reais. Este método é mais recomendado quando é preciso responder a questões do tipo “como” e “por que”. O pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco encontra-se em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. De acordo com Stake (1994, p.236) o objeto deve ser algo “específico funcional”, como uma pessoa ou uma sala de aula, não uma generalidade. Como resultado, será elaborado um modelo de negócio representativo da franquia estudada utilizando a técnica de notação BMG Canvas. O trabalho apresentará, por fim, uma proposta de extensão desse modelo, visando formas alternativas de exploração do conteúdo para novos suportes e contextos midiáticos. Espera-se como resultado contribuir para uma visão geral sobre formas alternativas de monetização através da exploração dos desdobramentos de um mesmo conteúdo audiovisual através de diferentes mídias e plataformas. Para que, através do relato de casos e formas que obtiveram sucesso em determinadas situações, outras empresas e veículos de mídia possam adaptar estas soluções para o contexto no qual estão inseridas e, assim, buscarem novas formas de monetização baseadas no que foi relatado.

Bauru, 06 de abril de 2014 - Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC – UNESP